O Burro
Patativa do Assaré
Vai ele a trote, pelo chão da
serra,
Com a vista espantada e
penetrante,
E ninguém nota em seu marchar
volante,
A estupidez que este animal encerra.
Muitas vezes, manhoso, ele se
emperra,
Sem dar uma passada para diante,
Outras vezes, pinota, revoltante,
E sacode o seu dono sobre a
terra.
Mas contudo! Este bruto sem
noção,
Que é capaz de fazer uma traição,
A quem quer que lhe venha na
defesa,
É mais manso e tem mais
inteligência
Do que o sábio que trata de
ciência
E não crê no Senhor da Natureza.